quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Desespero dos Sentidos


Entro em casa.
Arrumo a mala num canto do quarto.
Vejo uma cadeira e sento-me.

Seguro a cabeça com as mãos.
Sinto-a pesada, dorida.

Encolho-me na cadeira.
Sinto-me pequena e inútil.

Dói-me os olhos
De ver o que vi.

Dói-me a cara
Das estaladas que recebi.

Dói-me os ouvidos
De ouvir o que ouvi.

Estou desesperada,
Deprimida, revoltada!

Nada me sai bem
Quando me esforço!

Até as palavras que escrevo
Nada têm a ver com o que sinto!
As palavras tornam as coisas tão superficiais.
Tão fáceis. Tão simples.

Choro.
Choro descontroladamente.
Choro sem parar.

Tenho um grito preso à garganta.
Mas por mais que grite e chore
A dor não passa.

Por mais que grite e chore!
Por mais que grite… e chore.

O meu olfacto absorve este meu cheiro,
Tão doce e tão horrível.
Tão solitário e tão desprotegido.

Passo as minhas mãos frias pelo um corpo dorido.
Quero sair deste corpo, mas não consigo.
Anseio desesperadamente sair daqui!

Sinto-me suja.
Estou suja.
Sinto-me doente.
Estou doente.

Quero-te.
Quero-te ao pé de mim
Mas não posso ter-te aqui.

Os nossos corações juntam
O que a distância quer separar.
Mas continuamos juntos.

Dói-me tudo.
Dói-me e grito.
Grito de desespero.

Oh,
Como estas saudades me matam por dentro!

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